Esta obra é fruto do XVI Encontro de Formação de Professoras/ es de Línguas (Enfople), evento que, há 16 anos, temos realizado em auditórios cedidos pela prefeitura da cidade ou à sombra de nossos flamboyants floridos (Figura 1) na Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Inhumas. No ano de 2020, devido à pandemia de covid-19, nos propusemos o desafio de realizar a primeira edição on-line, com o tema Linguagens em tempos inéditos: desafios praxiológicos da formação de professoras/es de línguas. Naqueles dias, e desde então, os “quintais” de nossas casas, de nossos locais, em diferentes regiões, se misturaram, se agigantaram e ficaram maiores do que o mundo, em alusão aos versos do poeta pantaneiro Manoel de Barros (2018), que servem de inspiração para este texto ensaístico.
Não encontraríamos uma ideia melhor para ressignificar quem somos nos, professoras e professores: seres que vivemos, convivemos, resistimos e reexistimos na “invencionática”, a arte de (re)inventar. De repente, informática e invencionática se (con)fundem! O desafio de realizarmos esse evento virtualmente nos proporcionou experiências que acrescentaram muito as nossas vidas profissionais e pessoais. Os espaços físicos foram encurtados e a comunicação e o acesso a novos conhecimentos se tornaram mais fluidos. Porem, as situações de vulnerabilidade ficaram ainda mais aparentes. Nesse sentido, concordamos com Boaventura de Sousa Santos (2021) ao dizer que as desigualdades e as discriminações sociais, já tão presentes nas sociedades contemporâneas, se intensificaram ainda mais neste contexto pandêmico e são visíveis nos espaços educacionais, assim como fora deles. Nossas salas de aula mediadas pelas tecnologias nos ajudaram a entender, por exemplo, que muitas pessoas não tem acesso a internet, e que, em muitos casos, quando tem, não e suficiente para atender as demandas educacionais. Os tempos inéditos, a que nos referimos no titulo desta obra e na temática do evento, são aqueles acarretados pelo momento pandêmico, que nos fez chorar e nos distanciar, intensificar vulnerabilidades e desvelar maldades e incredulidades, mas que também nos fez reconhecer e valorizar o contato, mesmo que distante, que temos com os nossos familiares, colegas de trabalho, alunas e alunos. E justamente nesta sintonia dos tempos inéditos que nos propomos, e com este intuito convidamos as autoras e os autores, de diferentes locais do Brasil, a compartilharem suas praxiologias sobre formação docente e educação linguística. Organizamos esta coletânea em duas partes. Em ambas, os capítulos apresentam discussões sobre formação docente e educação linguística, com ênfase na língua inglesa. No entanto, a Parte II e dedicada aos estudos dessas áreas na infância, campo promissor que vem redesenhando caminhos e plantando sementes na fertilidade do cerrado inhumense. Convidamos a leitora a abrir as janelas e contemplar brevemente esse quintal que abriga tantas moradas.
Linguagens em tempos inéditos (VOL.1): desafios praxiológicos da formação de professeras/es de línguas
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